terça-feira, 31 de julho de 2012

Os laços que nos unem



Este livro tem sabor a Porto Santo... não só porque o li, enquanto lá passava férias, mas também porque parte da acção do livro decorre, justamente, nessa belíssima ilha.
"Os laços que nos unem" de Gustavo Santos é um livro de afectos, sendo que o fio condutor da história são os ensinamentos do Avó Santos ao seu neto Diogo.
De ler e chorar por mais, pois aqui fica provado o poder do Amor.
Esteja de férias, na praia, na piscina, ou junto a uma lareira, é o livro ideal para abrir asas e levantar vôo numa história riquíssima de emoções e personagens onde qualquer um de nós se pode, diria mesmo, revisitar.
Boas leituras!

in "OS LAÇOS QUE NOS UNEM" - 5º Capítulo
..."- A verdadeira ascensão do homem começa no momento em que ele percebe que tudo o que procurou nos outros, durante anos e vidas, se encontra dentro dele. O alimento e o reconhecimento, a compaixão e o perdão, mas acima de tudo o Amor. Todos nós somos ou já fomos vampiros esfomeados, capazes de planear ataques perfeitos inconscientemente. Todos nós já nos alimentámos de pessoas, provámos o sangue das suas almas e sugámos a sua energia. E tudo isto para quê? Para que elas nos possam reconhecer, para que possamos ouvir diariamente o que precisamos mas não temos onde, nem como encontrar dentro de nós. Para que elas nos digam aquilo que queremos ser e alimentem o nosso ego. Esta prática, necrófaga, é recorrente em todos os seres humanos em não ascensão. Todos nós já procurámos nos outros, os seus braços de compaixão para nos ampararem e nos darem “cólinho”. Todos nós já nos refugiámos em suas casas, abusando do seu espaço, porque não conseguimos estar sozinhos na nossa e enfrentar, e desculpa a expressão, o boi pelos cornos. Todos nós já precisámos deles porque em determinadas altura da vida fomos uns coitadinhos e a vitimização ainda é o melhor caminho para termos direito à atenção alheia. E tudo isto para quê? Para que nos possam perdoar, para que nos possam entender e proteger com festinhas e cafunés que, na maioria das vezes, nem lhes apetece dar, mas como é amigo tem de ser, e a partir daí consigamos abrir, novamente, os olhos e seguir com a nossa vida. Esta é, também, uma prática recorrente em todos os seres humanos em não ascensão. Por ultimo, todos nós já exigimos que os outros nos amassem para que nos pudéssemos sentir amados. Já quisemos que a nossa companheira, o nosso amigo ou o nosso familiar estivesse disponível a dar os cem porcento dele mais os cinquenta porcento que faltavam de nós, quando na realidade isso não é possível pois nenhum todo é superior a cem porcento e o pior é que muitos ainda têm e tiveram o descabimento e a coragem demente de cobrar e dizer: “não sou feliz contigo porque não me dás o que preciso”. Este comportamento egoísta, sofre de uma patologia infecto-contagiosa, pois com o passar do tempo acaba por trazer à pessoa com quem nos relacionamos todas as frustrações interiores que guardamos cá dentro, resultantes de um passado mal dirigido, e adulterar para sempre a sua autoconfiança, auto-estima e felicidade. Esta doença, caracteriza de igual forma todos os seres humanos em não ascensão. Obviamente, que o Diogo se conseguiu identificar com alguns daqueles sintomas e quando estava a tentar organizar as ideias e separar dentro dele o que afinal ainda lhe faltava, eis que o avô Santos retoma a conversa, propositadamente, não lhe dando tempo nem espaço para seguir em diante e sublinhando a frase que, na sua opinião, mais interessava ao seu neto ouvir: - A verdadeira ascensão do homem começa no momento em que ele percebe que tudo o que procurou nos outros, durante anos e vidas, se encontra dentro dele. E não há ascensão sem um caminho. E não há um bom caminho, se não o fizermos sozinhos. Se custa? Custa. Se dói? Dói. Se é sofrível? Por vezes. Se é vital? É. Se vale a pena? Sempre. Eu sei que já estás no teu caminho, sei que já te custou e já te doeu, mas também sei que já percebeste que é vital e que ainda não descobriste que vale a pena porque te apedrejaram recentemente no coração."... ( excerto retirado do blog de Gustavo Santos)

http://inesgaivota.blogspot.pt/2012/06/porto-santo-e-os-lacos-que-nos-unem.html
( artigo escrito num dos meus blogs, assim que terminei a leitura do livro, ainda por terras de Porto Santo)

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